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O liberalismo deu lugar à
ascensão da burguesia e alargou o público leitor. O escritor
dirige-se ao povo, a quem considera a matriz da poesia. O Romantismo
é a expressão literária e plástica da ascensão burguesa...
Acredita no progresso, na liberdade, na bondade natural do homem
corrompido pela sociedade.
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O Romantismo
português está directamente ligado às guerras liberais
porque os escritores românticos, sobretudo Garrett
e Herculano, foram
soldados liberais. Por isso, nas suas obras, reflectem a ânsia pela
liberdade, a recusa total da tirania e a condenação da corrupção
dos liberais que se tornaram materialistas.
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O Romantismo
teve origem na Inglaterra
(e na Escócia) porque este país foi pouco permeável ao
Classicismo, ligado fortemente às suas tradições. Na Alemanha,
lutando contra a hegemonia napoleónica e colando a França ao
Classicismo, a acentuação do individualismo favoreceu o clima romântico.
Na França, o Romantismo
foi preparado pelos filósofos da Enciclopédia, e sobretudo por
Rousseau, criador do mito da bondade natural do ser humano e de uma
literatura confessional. Como o Classicismo estava muito arraigado,
o Romantismo foi algo tardio e recebeu influências exteriores,
sobretudo da Alemanha. Em Portugal, o Romantismo
data-se da publicação do poema Camões,
de Garrett, em 1825.
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A estética romântica proclama:
o individualismo: o “eu”
é o valor máximo. Assim, o escritor afirma o culto da personalidade,
da expressão expontânea, do devaneio sem limites;
a aspiração ao infinito: o
escritor deseja quebrar todas as cadeias que o limitem, afirmando a sua
rebeldia e insatisfação. Limitado como é, nunca conseguirá os seus
intentos, considerando-se vítima do destino;
a sacralização do amor:
sentimento absolutizado, exagerado, não deixará de colocar de colocar
o amante em permanente insatisfação e contradição, porque nada do
mundo pode preencher os seus desejos incontroláveis. A mulher ou é um
ser angelical bom ou um ser angelical mau; sempre idealizada, nunca
haverá harmonia entre os amantes;
a liberdade como um valor máximo:
“Abaixo a razão! Viva a liberdade!” é o grito que se repete
sempre. Prometeu, o deus rebelde, será a figura mitológica símbolo e
paradigma do indivíduo;
o “ mal
du siècle”: manifestação de cansaço, melancolia, que resulta
das paixões sem objecto, consumidas num coração solitário, uma espécie
de desespero da angústia de viver;
o papel
desmesurado da fantasia: o sonho e a evasão são constantes,
resultantes da insatisfação do presente;
o gosto
pela natureza nocturna: a sombra, a noite, a Lua, o cemitério, o
mar, a tempestade, o pôr do Sol, o abismo constituem o cenário querido
dos românticos. O “locus horrendus” provoca não só sentimentos exagerados, às
vezes mórbidos, de acordo com o estado de espírito do “eu”, mas
também o desejo da evasão para outros mundos, mesmo o desejo da morte;
um sentimento
religioso – panteísta: o românticos afirmam sentir Deus na
natureza; a sua sensibilidade leva-os a amar o Cristianismo dulcificante,
salvador, em detrimento de uma mitologia cruel e distante;
a procura
de lugares exóticos, palco
de recreio da sua fantasia, e da Idade Média, manancial inesgotável de
lendas, poesia, canções de gesta, feitiçaria, tradições, folclore,
etc.
o amor de tudo
o que é popular e nacional.
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Abordagens:
Ø
A
contextualização da poesia de Garrett
em particular, e do movimento romântico em geral, poderá ser feita
através de uma visita ao Palácio da Pena, em Sintra, ou até ao Paço
Ducal de Vila Viçosa.
Ø
Na
impossibilidade de se efectuarem tais visitas, aconselha-se a observação
de pinturas românticas ( Delacroix, Turner) e a audição de estratos
musicais de grandes compositores românticos ( Beethoven, Liszt, Chopin...).
Ø
Existe
também um documentário televisivo de José Hermano Saraiva, “ O Porto e
o Romantismo”, integrado na série Horizontes
da Memória ( RTP 2 ), que aborda, de forma notável os aspectos
relacionados com a
introdução
do Romantismo
em Portugal ( duração de 20m )
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Outras abordagens:
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BIBLIOGRAFIA:
1. BARREIROS,
António José, História da Literatura Portuguesa, Volume
1,Edição do Autor, Braga,1996.
2. COELHO, Jacinto do Prado , Dicionário de Literatura,
Livraria Figueirinhas, Porto, 1981.
3. GUERRA, J. A. da Fonseca, VIEIRA, J. A. da Silva, Aula Viva,
Português-A, 11.º Ano, Porto Editora, Porto,1998.
4. MOREIRA, Vasco, PIMENTA, Hilário, Dimensão Comunicativa -
11.ºAno, Porto, Porto Editora,1998.
5. PINTO, Elisa Costa et alii, Plural, Português-B, 11.ºAno;
Lisboa Editora, Lisboa,1998.
6. QUINTELA, Dulce et alii, Temas de Língua e Cultura
Portuguesa, Lisboa, Editorial Presença, Junho,1980.
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