LITERATURA
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SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN |
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Breve referência biográfica:
Texto 1 Os Poetas
Solitários pilares dos céus pesados, Poetas nus em sangue, ó destroçados Anunciadores do mundo Que a presença das coisas devastou. Gesto de forma em forma vagabundo Que nunca num destino se acalmou.
Sophia de Mello Breyner Andresenin Dia do Mar, 1947
Texto 2No Poema
Transferir o quadro o muro a brisa A flor o copo o brilho da madeira E a fria e virgem limpidez da água Para o mundo do poema limpo e rigoroso Preservar de decadência morte e ruína O instante real de aparição e de surpresa Guardar num mundo claro O gesto claro da mão tocando a mesa.
Sophia de Mello Breyner Andresenin Livro Sexto, 1962 TEXTO 3Arte Poética
A dicção não implica estar alegre ou triste Mas dar minha voz à veemência das coisas E fazer do mundo exterior substância da minha mente Como quem devora o coração do leão Olha fita escuta Atenta para a caçada no quarto penumbroso Sophia de Mello Breyner Andresenin O Búzio de Cós, 1997
TEMAS
Sophia, na sua poesia, conserva e reforça continuamente uma relação privilegiada com o mar, com o vento, com o sol e a luz, com a terra e toda a vegetação. A poetisa procura a transparência, o universo organizado e harmonioso. Por isso, a reconstrução da aliança entre os homens, a natureza e as coisas é uma constante. O mundo exterior com todos os seus elementos, constitui o ambiente onde o ser humano se cria, se forma, realiza e morre. A poesia de Sophia é feita de compromisso com a realidade objectiva, num diálogo sobre a condição humana e a situação do mundo contemporâneo. Procura encontrar a essência da verdade e o reencontro do Eu com a Natureza. Nos quatro elementos primordiais - terra, água, ar e fogo - exerce-se a subjectividade de Sophia, ao procurar a relação pura e justa do ser humano com a vida, consigo mesma, com os outros e com o próprio mundo. No jogo desses quatro elementos tenta o reencontro e a comunhão com o primitivo e a verdade das origens.
É na natureza e, de forma
privilegiada, no mar que procura a base estrutural da perfeição e
da harmonia. O mar recupera a infância e
possibilita-lhe encontrar o sentido e a purificação do mundo.
A poesia de Sophia fala da vida real, concreta, das coisas. Celebra a ordem do mundo, a harmonia e o equilíbrio, e não se cansa de denunciar as injustiças e o sofrimento do mundo. Ao destacar a aliança com a natureza e o real, busca a relação justa com as coisas e a relação justa com o homem. Como a própria afirma, "sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sempre um círculo traçado à roda duma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso. E se a minha poesia, tendo partido do ar do mar e da luz, evoluiu, evoluiu sempre dentro dessa busca atenta. Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito de verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo." Uma ideologia humanista e uma consciência política percorrem toda a obra de Sophia de Mello Breyner Andresen. As preocupações sociais surgem, constantemente, revelando a sensibilidade e a revolta perante o sofrimento do mundo. A sua poesia é um canto de luta, de denúncia, contra o que designa de "tempo dividido": de solidão e incerteza, de medo e traição, de injustiça e mentira, de corrupção e escravidão. O empenhamento social e político é o que não receia a denúncia das injustiças e da opressão contra todas as forças que possam perturbar a ordem, a transparência, a claridade do mundo e, por isso, confundir a integridade humana. A poesia de Sophia apresenta um papel formativo ao promover a consciencialização, surgindo como meio de denúncia e voz de anseios. Revela, pela sua constante atenção aos problemas do homem e do mundo, um verdadeiro empenhamento social e político, de compromisso com o seu tempo e de denúncia das injustiças e da opressão.
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Bibliografia:
Páginas da Internet
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