Exercício de Resumo
Resumir
é condensar as ideias/informações de um texto, sem alterar o sentido
e a estrutura.
Preparação
-
Ler
atentamente o texto e apreender o seu sentido global.
-
Sublinhar
as ideias/informações essenciais.
-
Dividir o texto em partes (e subpartes).
-
Atribuir
um título a cada parte.
-
Distinguir
as ideias principais das ideias secundárias.
Elaboração
-
Anular
as repetições e todas as expressões enfáticas e acessórias.
-
Aglutinar
as várias ideias particulares em ideias gerais, respeitando a ordem
do texto.
-
Manter
pessoas e tempos verbais.
-
Anular o
discurso directo, passando-o a discurso indirecto.
-
Manter a
proporcionalidade.
-
Manter o
registo discursivo do texto.
-
Nunca
fazer qualquer comentário pessoal nem deixar passar nenhuma marca
discursiva pessoal.
-
Utilizar
os necessários mecanismos referenciais do texto.
-
Construir
um texto articulado e coerente, usar uma linguagem clara e concisa.
Voltar ao início
Exercícios:
A.
Resumo:
Resume
o excerto a seguir transcrito, constituído por trezentas e oitenta e nove
palavras, num texto de cento e
quinze a cento e quarenta e
cinco palavras.
Antes
de iniciar o teu resumo, lê atentamente as observações
apresentadas em final de página.
Muito
em síntese, pode ver-se a poesia portuguesa dos últimos cento e
cinquenta anos dividida em três largos períodos, cada um deles
inaugurado por um movimento de vanguarda e constituído, depois, por fases
semelhantes - paralelas ou sucessivas - de afirmação, correcção e
dissolução do próprio movimento inicial. As datas inaugurais seriam
precisamente 1825 - o ano da publicação do poema Camões,
de Garrett -, 1865 - o ano da publicação das Odes
Modernas, de Antero - e 1915 - o ano do aparecimento do Orpheu,
com Fernando Pessoa à testa do movimento modernista. Tal como Garrett
fora a figura central do vanguardismo romântico de 1825 e Antero o vulto
polarizador do vanguardismo realista da geração de 70, Fernando Pessoa
é o corifeu(1)
do vanguardismo de 1915. Entre as personalidades e os destinos
destes três poetas - que não foram apenas poetas, mas também espíritos
muito lúcidos e profundamente interessados pelos problemas da Cultura -,
e a despeito das inegáveis diferenças que os separam, muitos são,
todavia, os pontos de contacto que ante a nossa atenção ganham relevo:
Garrett tinha 26 anos ao publicar o poema Camões; Antero, 23, ao editar
as Odes Modernas; e Pessoa, 26,
ao lançar-se na aventura do Orpheu. Dir-se-ia, desde já, que há uma idade sobremodo propícia
- ao redor dos 25 anos, no limiar, portanto, da maturidade - para se
desempenhar, voluntariamente ou não, o papel de condottiere(2)
literário. Por outro lado, morrem os três à volta dos 50 anos -
Garrett com 55, Antero com 49, Pessoa com 47-, sem assistir nenhum deles
à completa dissolução dos vanguardismos que tinham iniciado. Dir-se-ia,
agora, que o Destino desejou poupá-los a semelhante espectáculo, ou
impedir que eles próprios nele participassem. Muito mais importantes, porém,
do que estes dados cronológicos são determinados aspectos íntimos, que
por igual os caracterizam.
Trata-se, com efeito, de três personalidades contraditórias, em
cujo foro interior se debatiam antagónicas forças - as quais, por seu
turno, dramaticamente se exprimiram nas obras respectivas e nas
respectivas actividades. E - curiosa coincidência - acerca de todos eles
se tem equacionado o problema da sinceridade, e mesmo, por abusiva confusão,
o problema da coerência política. Se, como pretendia Paul Valéry(3),
«grande homem é aquele que deixa, após si, os outros no embaraço», não
há dúvida que Pessoa, Antero e Garrett foram igualmente, nesta
perspectiva, «grandes homens». Nenhum deles trazia, na bandeja, e pronta
a ser servida, uma verdade irrefutável.
David Mourão-Ferreira, «Pessoa antes de Orpheu e
em Orpheu 1 », Nos Passos de Pessoa, 1.ª
ed., Lisboa, Presença, 1988
Observações:
1.
Há uma tolerância de quinze palavras relativamente ao total
pretendido (cem palavras como
limite mínimo, e cento e sessenta
como limite máximo). Um desvio maior implica uma desvalorização parcial
do texto produzido.
2.
De acordo com o critério de contagem adoptado nesta prova o fragmento a
seguir transcrito é constituído por trinta palavras: «Dir-se-ia,/
desde/ já,/ que/ há/ uma/ idade/ sobremodo/ propícia -/ ao/ redor/ dos/
25/ anos,/ no/ limiar,/ portanto,/ da/ maturidade -/ para/ Se/
desempenhar,/ voluntariamente/ ou/ não,/ o/
papel/ de/ condottiere/ literário./».
-----------------------------------------------------------------------------
(1)
corifeu:
mentor; guia,
(2)
Condottiere(italiano):
chefe, guia;
(3)Paul
Valéry: escritor francês(1871-1945)
Voltar ao início
B.
Resumo:
Resume o excerto a seguir transcrito, constituído por
cento e noventa e duas palavras,
num texto de sessenta e cinco a cento e cinco palavras.
Antes
de iniciares o teu resumo, lê atentamente as instruções dadas em final
de página.
Um
indivíduo só é livre se pode desenvolver as próprias potencialidades
no seio da sociedade.
Ser
livre não significa apenas não ter medo, poder expressar a própria opinião
sem temer represálias. Também significa conseguir que a sua opinião
pese realmente nos assuntos de interesse comum e seja requerida pela sociedade
como contribuição necessária.
Liberdade
é plenitude de vida. Não sou livre se, dispondo de uma capacidade
intelectual que pode produzir cem, vegeto numa ocupação onde rendo
somente dez. No mundo actual é mais livre o profissional que trabalha de
manhã à noite, dando-se totalmente aos seus doentes, aos seus alunos,
aos seus clientes, que o solicitam confiando no seu juízo e na sua ciência.
É mais livre o político, o sindicalista, o escritor que se enrola numa
causa que transcende a sua própria pessoa.
O
maior risco que corre hoje a liberdade é que a maioria dos homens são
induzidos a identificá-la com um estado de subordinação, de tranquila
sujeição, de evasões periódicas controladas, a que a sua vida parece
reduzir-se inexoravelmente.
Só
dando significado à vida de todos numa sociedade plural defenderemos de
modo não ilusório a liberdade de cada um.
Michele
Abbate, Liberdade
e Sociedade de Massas (adaptado)
Observações:
Há
uma tolerância de dez palavras relativamente ao total pretendido (cinquenta
e cinco palavras como limite mínimo, e cento e quinze como
limite máximo). Um desvio maior implica uma desvalorização parcial do
texto produzido.
De
acordo com o critério de contagem adoptado nesta prova o fragmento a
seguir transcrito é constituído por vinte palavras:
«
Só/ dando / significado / à /vida / de /.todos / numa / sociedade /
plural /.defenderemos / de / modo / não / ilusório /a / liberdade / de /
cada / um./».
Voltar ao início
C.
Resumo:
Resume o excerto a seguir transcrito, constituído por
duzentas e seis palavras, num texto de setenta a cento e
quinze palavras.
Antes de iniciares o teu resumo, lê atentamente as instruções
dadas em final de página.
A
camada de ozono que envolve o nosso planeta é como um manto que protege
os seres vivos dos raios ultravioletas. Pois bem, em 1982, os cientistas
descobriram um buraco na camada de ozono sobre a Antárctida. E este
buraco vem aumentando de forma alarmante durante os últimos anos.
Comprovou-se
que a destruição da camada de ozono se produz pela libertação de
alguns gases, como o monóxido de carbono, o dióxido de carbono e os
gases clorofluorcarbonatos utilizados em aerossóis e circuitos de
refrigeração dos frigoríficos.
Se o processo de destruição da camada de ozono continuasse,
desencadear-se-ia um conjunto de fenómenos de consequências catastróficas
para a Humanidade, sendo os principais os seguintes:
1.
A temperatura da Terra aumentaria vários graus, de modo que o gelo das
calotes polares fundir-se-ia e aumentaria o nível dos mares. Em consequência,
as povoações costeiras ficariam submersas.
2. As radiações ultravioletas chegariam à superfície terrestre
com maior intensidade e, em consequência, aumentariam espectacularmente
os casos de cegueira e de cancro da pele.
Por
tudo isto, urge limitar o fabrico e o uso industrial ou doméstico dos
gases causadores da degradação da camada de ozono. De outro modo, a
Humanidade ver-se-á sujeita a um desastre ecológico só comparável a
uma guerra nuclear.
Observações:
Há
uma tolerância de dez palavras relativamente ao total pretendido (sessenta
palavras como limite mínimo, e cento e vinte e cinco como limite máximo).
Um desvio maior implica uma desvalorização parcial do texto produzido.
De
acordo com o critério de contagem adoptado nesta prova o fragmento a
seguir transcrito é constituído por dezassete palavras: «
De / outro / modo,/ a / Humanidade / ver-se-á / sujeita / a / um /
desastre / ecológico / só / comparável / a / uma / guerra / nuclear./».
Voltar ao início
D.
Resumo:
Faz
o resumo do texto seguinte:
(
Segue as instruções dadas para os textos anteriores)
O drama
mais profundo da Arcádia consistirá no conflito interno que rasga as suas
principais personagens, sob acção de duas forças opostas: a força que
leva ao apagamento das origens e relações burguesas, atrás da imitação
dos Antigos, atrás do convencionalismo pastoril da decadência
greco-romana; e a força que conduz à afirmação dos gostos e ideias
quotidianos, ao realismo, à imitação da realidade imediata. A Arcádia
não se liberta inteiramente do formalismo barroco, como se verifica nas
suas convenções bucólicas e mitológicas, nem da estreita dependência
em que já a poesia barroca vivera relativamente ao regime absolutista. Os
mais importantes acontecimentos, faustos ou infaustos, da família régia
e da vida política são obrigatoriamente comemorados em sessões solenes
e torneios literários, tal como acontecia com as academias do tempo de D.
João V. Na primeira sessão a que assistissem, os sócios deveriam jurar
a Imaculada Conceição de Maria, a cujo culto se obrigara a Casa de
Bragança e que era simbolizada pela própria divisa da Arcádia - um lírio
branco.
No entanto, estas concessões às
respeitabilidades formais envolviam muitas reservas, pelo menos no espírito
de alguns árcades, como Garção. A escolha da Imaculada Conceição era
uma forma de iludir o patronato oficial e directo do rei, e várias orações
do mesmo Garção preveniram os consócios contra os perigos do mecenato régio.
A.
J. Saraiva e Oscar Lopes, História da Literatura Portuguesa
Voltar ao início
E.
Resumo:
Faz
o resumo do texto seguinte:
(
Segue as instruções dadas para os textos anteriores)
Resume o excerto
a seguir transcrito, constituído por trezentas e trinta e sete palavras,
num texto de cento e duas a cento e vinte e
duas palavras.
As duas primeiras
décadas do século XX registam, na Europa, a crise do capitalismo e o
nascimento da democracia de massas. A burguesia tem consciência do perigo
que representa, para ela, a revolução socialista.
Por outro lado, uma
inédita revolução científica, que rompeu barreiras de tempo e espaço,
produz um grande e geral estado de euforia e crença no progresso. Surgem,
no início do século, os seguintes eventos: o telégrafo, o automóvel, a
lâmpada eléctrica, o telefone, o cinema, o avião.
A máquina se faz
presente em todos os momentos da vida. Viver confortavelmente e aproveitar
o presente são preocupações fundamentais da época. A esse início do século
XX, dá-se o nome de belle époque.
Em 1914, tem início
a Primeira Guerra Mundial, que terminaria em 1918. O conflito, que
envolveu praticamente o mundo inteiro, gerou enorme descontentamento e a
descrença em relação aos sistemas políticos, sociais e filosóficos até
então vigentes. O homem que viveu a guerra questiona os valores do seu
tempo. O período de segurança, confiança no futuro e euforia tinha
terminado.
Onze anos depois, o
mundo vai enfrentar a tremenda crise económica de 1929, da qual resultará
a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Nesse ligeiro período de entre
guerras, assiste-se aos "anos loucos", fase marcada principalmente pela
ânsia de "viver freneticamente". Aproveitar o "hoje e o agora "
tornaram-se necessidade. A guerra tinha lançado no espírito humano a
incerteza sobre a permanência e a duração da paz.
Essa busca de
novidades, no entanto, não se restringe tão-só à área da produção de
manufacturados. Também nas artes se verifica uma busca desenfreada do
novo, um desejo de ruptura com o passado e um sonho com um futuro
maravilhoso, rico em promessas. Essas tendências vão receber o nome
genérico de vanguarda. Assim, pode-se dar o nome de vanguarda a qualquer
movimento, dentro do século XX, que se caracterize pela rebeldia e pela
rejeição sistemática do passado. Entre os movimentos de vanguarda do
século XX, destacam-se o Futurismo, o Dadaísmo, o Cubismo, o Surrealismo e
o Expressionismo.
Fabiane in http:Ilwww.geocities.com/ParislMetro/771 9/vanguarda.
Html
Voltar ao início
F.
Resumo:
Faz
o resumo do texto seguinte:
(
Segue as instruções dadas para os textos anteriores)
Resume o
texto a seguir transcrito, constituído por mais ou menos 293 palavras, num
texto de 90 a 110 palavras.
Infelizmente, e na
aparência com justificados motivos ou natural tentação, o objecto primeiro
da exegese de Pessoa não foi a sua poesia múltipla, mas a relação dessa
múltipla poesia com os seus míticos (e reais) autores, o que mergulhou
toda a crítica numa miragem criadora de miragens, fonte de uma
perplexidade insolúvel e sem cessar renascente. O que foi tomado realmente
a sério (e isto perpetuará até ao juízo final o sorriso mudo do Poeta) não
foi a silenciosa autonomia dos poemas no seu conjunto com o jogo que entre
si constituem, mas Alberto Caeiro e Reis e Campos, considerados como
autores reais dos poemas que Pessoa a justo título lhes atribui (e só ele
o podia fazer... mais a mais tendo explicado até à saciedade qual era o
género de cordão umbilical que os ligava ao "sujeito criador" de todos) e
não só reais como dotados de uma personalidade e de uma vocação cuja
coerência se devia exprimir nos poemas que cada qual subscreve. Daí nasceu
um teatro em segundo grau (personalizando na pura arbitrariedade um "drama
em gente" assim deslocado para sempre do seu centro próprio) convertendo
os autores fictícios em criadores de poemas quando só os poemas são os
criadores dos autores fictícios. Na exegese universal de Pessoa os poemas
- Caeiro, Reis, Campos são sombra de seus fictícios pais quando só o
inverso é evidente. Alberto Caeiro, Reis, Campos, mas igualmente Fernando
Pessoa "ele-mesmo" são só (e que outra coisa poderiam ser) os seus poemas.
As biografias imaginárias (mas de modo algum arbitrárias) que o seu
criador com tanta aplicação e gozo íntimo lhes atribuiu prolongam o acto
criador dos poemas, com ele se relacionam, mas dele se destacam como
leitura desses poemas já definitivamente fora do seu criador.
Eduardo Lourenço,
Pessoa Revisitado, Leitura estruturante do drama em gente,
Editorial
Inova/Porto
Voltar ao início
G.
Resumo:
Faz
o resumo do texto seguinte:
(
Segue as instruções dadas para os textos anteriores)
Resume o texto a
seguir transcrito, constituído por mais ou menos 388 palavras, num texto
de 100 a 120 palavras.
Pessoa, homem de
espírito europeu
Como teórico da arte e da
literatura, Pessoa é um homem de espírito europeu, formado no convívio de
autores gregos, latinos, ingleses, alemães e franceses. Não concebe uma
cultura fechada sobre si mesma. É numa perspectiva europeia que situa
habitualmente o caso português, ora quando define o "génio" do nosso país,
criador dum dos elementos básicos da civilização moderna - a
universalidade -, como se acentua em Erostratus, ora quando
sublinha a nossa pobreza cultural e caracteriza o "provincianismo mental
português", ora ao anunciar, feito profeta, um grande e novo Renascimento
que Portugal vai dar ao mundo. Valoriza rasgadamente o pré-romântico José
Anastácio da Cunha porque representa, no século XVIII, "o primeiro lampejo
da alvorada no horizonte da literatura portuguesa, pois constitui a
primeira tentativa de dissolver a forma endurecida da estupidez
tradicionalista pelo processo usual dos múltiplos contactos culturais"
(Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literárias,
pág. 52). Os estudos posteriores de Hernâni Cidade e a recente revelação,
que devemos a Joel Serrão, das impressionantes Notícias Literárias de
Portugal - 1780, onde bem transparece o patriota esclarecido, isolado
num meio ingrato, mostram quanto foi certeiro o juízo de Fernando Pessoa.
No fragmento que traz como título "Sobre um inquérito literário", Fernando
Pessoa, observando que Portugal constitui "uma espécie de adjacência
civilizada" da Europa ("Extrapertencemos à Europa"), que somos um país,
"não de poetas (como dizem os idiotas nas conferências), mas de
mandriões", e que "razão teve o Sr. António Sérgio quando insistiu nesse
ponto", afirma a necessidade de se criar um meio culto permeável aos
homens superiores que em Portugal vão surgindo (ibid., págs.
356-57).
Aliás,
não faltam textos em que Pessoa exprima a concepção do patriotismo como
degrau para o universalismo; em que revele o desejo de servir, pela
criação literária, a humanidade inteira; em que aponte aos Portugueses o
ideal da completa disponibilidade, incitando-os a "ser tudo de todas as
maneiras", a desdobrarem-se na múltipla experiência de todos os credos e
de todas as filosofias. De modo que, na Mensagem, o Quinto Império
ambicionado como alta empresa espiritual ("Pax in excelsis"), bem
pode simbolizar o anseio de totalidade que é o reverso do niilismo do
poeta. O que Pessoa exalta não será a fome de absoluto, que,
tendendo embora ao impossível, vale como fecunda inquietação e é
precisamente a marca da humana grandeza?
Jacinto do Prado
Coelho,
"Sobre as ideias estéticas de Fernando Pessoa",
in
A Letra e o Leitor,
Moraes Editor
Voltar ao início
|