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GIL VICENTE
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Gil
Vicente (1460 — 1536?)
é geralmente considerado o primeiro grande dramaturgo português, além
de poeta de renome. Há quem o identifique com o ourives, autor da Custódia
de Belém, mestre da balança, e com o mestre de Retórica do rei Dom
Manuel. Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as
tarefas de músico, actor e encenador. É frequentemente considerado, de
uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já
que também escreveu em castelhano - partilhando a paternidade da
dramaturgia espanhola com Juan del Encina. A
obra vicentina é tida como reflexo
da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento,
fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social
eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa
a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi, o principal
representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões,
incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua
vez, a cultura popular portuguesa. O
seu primeiro trabalho conhecido, a peça em castelhano Monólogo do
Vaqueiro, foi representada nos aposentos da rainha D. Maria,
consorte de Dom Manuel, para celebrar o nascimento do príncipe (o futuro
D. João III) - sendo esta representação considerada como o marco de
partida da história do teatro português. Ocorreu isto na noite de 8
de Junho de 1502, com a
presença, além do rei e da rainha, de Dona Leonor, viúva de D. João II
e D. Beatriz, mãe do rei. Tornou-se, então, responsável pela
organização dos eventos palacianos. Dona Leonor pediu ao dramaturgo
a repetição da peça pelas matinas de Natal, mas o autor,
considerando que a ocasião pedia outro tratamento, escreveu o Auto
Pastoril Castelhano. De facto, o Auto da Visitação tem
elementos claramente inspirados na "adoração dos pastores", de
acordo com os relatos do nascimento de Cristo. A encenação incluía um
ofertório de prendas simples e rústicas, como queijos, ao futuro rei, ao
qual se pressagiavam grandes feitos. Gil
Vicente que, além de ter escrito a peça, também a encenou e
representou, usou, contudo, o quadro religioso natalício numa perspectiva
profana. Perante o interesse de Dona Leonor, que se tornou a sua grande
protectora nos anos seguintes, Gil Vicente teve a noção de que o seu
talento permitir-lhe-ia mais do que adaptar simplesmente a peça para
ocasiões diversas, ainda que semelhantes. Se
foi realmente ourives, terminou a sua obra-prima nesta arte - a Custódia
de Belém - feita para o Mosteiro dos Jerónimos,
em 1506, produzida com o primeiro ouro vindo de Moçambique.
Três anos depois, este mesmo ourives tornou-se vedor do património de
ourivesaria no Convento de Cristo,
em Tomar, Nossa Senhora de Belém e
no Hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa. Consegue-se, ainda, apurar
algumas datas em relação a esta personagem que tanto pode ser una como múltipla:
em 1511 é nomeado vassalo de el-Rei e, um ano depois, sabe-se que era
representante da bandeira dos ourives na "Casa
dos Vinte e Quatro". Em 1513, o mestre da balança da Casa da
Moeda, também de nome de Gil Vicente (se é o mesmo ou não, como já se
disse, não se sabe), foi eleito pelos outros mestres para os representar
junto à vereação de Lisboa. Será
ele que dirigirá os festejos em honra de Dona Leonor, a terceira mulher
de Dom Manuel, no ano de 1520, um ano antes de passar a servir Dom
João III, conseguindo o prestígio do qual se valeria para se
permitir a satirizar o clero e a nobreza
nas suas obras ou mesmo para se dirigir ao monarca criticando as suas opções.
Foi o que fez em 1531, através de uma carta ao rei onde defende os cristãos-novos. Morreu
em lugar desconhecido, talvez em 1536 porque é a partir desta data que se
deixa de encontrar qualquer referência ao seu nome nos documentos da época,
além de ter deixado de escrever a partir desta data. Algumas das suas obras
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