LITERATURA
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Fernão Mendes Pinto
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O Autor da Peregrinação
e a sua obra confundem - se à primeira vista: Fernão
Mendes Pinto é para nós o herói da Peregrinação.
Mas não deve esquecer-se que o Fernão Mendes da peregrinação é
uma criação literária do Autor do livro. Se não houvesse documentos a
autenticar a existência de Fernão Mendes Pinto nada nos garantiria que este
não fosse uma pura personagem de romance, como o Guzmán de Alfarache de
Mateo Alemán. (...) Os padres jesuítas do Oriente são as únicas
testemunhas que a seu respeito depõem. Da correspondência destes padres com
os irmãos de Portugal e com o Geral da Companhia (à data o próprio P.e Inácio
de Loyola) depreende-se que Fernão Mendes Pinto,
natural de Montemor, era em 1554 um traficante que ganhara muitas riquezas
navegando entre o Japão, a China e o Pegú, durante longos anos. Numa das
suas viagens ao Japão conheceu o Padre Francisco Xavier e emprestou-lhe
dinheiro para a construção de uma igreja. Nesse ano de 1554, estando para
sair de Goa para Portugal, assistiu à chegada do corpo do missionário,
entretanto falecido, cuja vista despertou nele o desejo de se consagrar à
evangelização dos nipões. Convenceu os padres a empreenderem uma missão,
ao Japão, entrou na Companhia, deu a maior parte da sua fortuna para
financiar o empreendimento. Os padres elogiam o seu fervor religioso, que se
manifesta, por exemplo, quando na viagem para o Japão, ao tocar em Malaca, se
apresenta pobremente vestido, mendigando de porta em porta esmola para o
hospital (...). Dos documentos da Companhia resulta também que no
final da sua missão Fernão Mendes Pinto conseguiu ser dispensado dos votos e
readquirir a sua liberdade, sem, no entanto se incompatibilizar com os Padres.
O seu nome passou a ser omitido em todas as publicações da Companhia depois
de 1556, e, ou porque de moto próprio ele o silenciasse ou porque o livro
tivesse sido amputado por iniciativa dos Jesuítas, nada transparece na
Peregrinação da passagem do seu Autor pela Companhia. Voltando do Japão a Goa e de Goa a Lisboa em 1557, Fernão Mendes fixou-se numa quinta no Pragal, perto de Almada e requereu uma tença como prémio dos seus serviços no Oriente. Esta foi-lhe concedida em carta de Janeiro de 1583. Mas logo em 8 de Julho seguinte falecia, segundo diz no seu Ano Histórico Fr. Francisco de Sta. Maria.
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