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Antero de Quental

Antero de Quental

 


      Antero Tarquínio de Quental nasceu em Ponta Delgada, no dia 18 de Abril de 1842.

Desenvolveu uma intensa actividade no campo da escrita, da política e da produção de ideias.

Dotado de uma personalidade complexa, sofreu as oscilações de um carácter rico com uma expressão evidente na sua obra poética. Com efeito, Quental desenvolveu uma actividade intervencionista que se traduziu numa intensa actividade crítica. O poeta filósofo acreditava no progresso social que só poderia ser uma realidade com a implantação do socialismo. A par do seu lado combativo, Antero é um homem que na sua ânsia de infinitude, procura através da filosofia descobrir os mistérios existenciais.

Morreu no dia 11 de Setembro de 1891.

 

 

Principais Obras

Poesia

Odes Modernas (1885)

Primaveras Românticas (1872)

Raios da Extinta Luz (1892)

Sonetos Completos (1886)

 

Prosa

Defesa da carta Encídica de sua Santidade Pio IX contra a Chamada Opinião Liberal.

A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais.

Conferências Democráticas - Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos últimos três Séculos.

Tendências Gerais da Filosofia na Segunda Metade do Século XIX.

 

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Sonetos

 

Através da literatura, Antero exprime a revolta e o inconformismo; reflecte profundamente sobre o mundo, reflecte para agir. Daí o seu carácter forte de líder que o transformou no mestre, mentor inspirador e símbolo da Geração de 70.

A poesia de Antero traduz as suas vivências e os seus anseios. Nela se encontra uma faceta luminosa ou apolínea, tradutora do seu ardor revolucionário e de grande elevação moral, e outra nocturna, que remete para o pessimismo e o desejo de evasão. António Sérgio afirma que o Antero apolíneo exprime a Luz, a Razão e o Amor como fontes da harmonia do Universo e o Antero nocturno canta a noite, a morte, o pessimismo e um certo niilismo. A sua poesia filosófica romântica aberta à modernidade permite diversas divisões, mas julgamos pertinente a opção em quatro fases: a lírica ou de expressão do amor; a do apostolado social e das ideias revolucionárias; a do pessimismo; e a da metafísica e regresso a Deus.

 

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 Na primeira fase, exprime o amor espiritual, à maneira de Petrarca, sem a sensualidade da lírica de Garrett, mas cantando a mulher como ser adorável, uma “visão” , como sucede em "Ideal", "Beatrice", "Abnegação" ou "Idílio";

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na segunda fase, traduz as preocupações sociais, o desejo profundo de construir um mundo novo, considerando que a poesia é a voz da revolução que visa a Justiça, o Amor e a Liberdade, como em "A um Poeta"; "Evolução"; "Hino à Razão"; "Tese e Antítese"; "A Ideia";

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na terceira fase, há um grande pessimismo e frustração a traduzir uma certa decepção da luta, como em "O Palácio da Ventura"; "Despondency"; "Nox";

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numa quarta fase, parece reconciliar-se e busca o descanso merecido "na mão de Deus", como em "Na Mão de Deus"; "Salmo"; "A um Crucifixo"; "À Virgem Santíssima"; "Solemnia Verbo".

 

A interpretação da obra de Antero não pode ser simplista até porque está sempre presente um anseio e uma grande interrogação perante o sentido da nossa própria existência, o mundo em que vivemos, e a explicação ou presença de um Deus que, racionalmente, queremos compreender. Mais do que tradução dos seus desejos ou angústias pessoais, há, na obra anteriana, as preocupações do ser humano que reconhece a sua condição e a sua fragilidade, que sente esperanças e sofre os desalentos, que duvida perante os mistérios da criação, da morte e de Deus.

Mas porque nos seus sonetos está todo o pulsar humano, julgamos que, para facilitar a compreensão destas quatro fases que se apontam na evolução da obra de Antero, podemos reflectir na própria evolução que sucede a muitos seres humanos: dos ideais da juventude e da luta consciente caímos, muitas vezes, no desânimo por não vermos realizados os nossos propósitos, acabando por recorrermos a um Deus protector pois só o sonho e a continua esperança alimentam a vida.

 

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Bibliografia

  1. Calvet de Magalhães, José (1998): Antero - A Vida Angustiada de Um Poeta. Lisboa, Bizâncio.

  2. Lopes, Óscar (1983): Antero de Quental, Vida e Legado de uma Utopia. Lisboa, Editorial Caminho.

  3. Lopes Óscar (1994): "Alguns conflitos internos anterianos" e "Meditação desgarrada sobre uma releitura de Antero", in A Busca de Sentido, Questões de Literatura Portuguesa. Lisboa: Caminho, pp. 87-100 e 117-126.

  4. BARREIROS, António José, História da Literatura Portuguesa, Volume 1, Edição do Autor, Braga,1996.

Internet

http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/quental/s.html

http://www.ipn.pt/opsis/litera/antero.htm

http://www.ipn.pt/opsis/litera/letraslensaio49.htm

http://www.geocities.com/Athens/Troy/7812/Antero.html